O CURSO DE GESTÃO DO PATRIMÓNIO CULTURAL
A conscencialização pública para a necessidade da salvaguarda e valorização do Património Cultural é actualmente uma realidade. O Curso de Gestão do Património Cultural, ministrado na Escola Superior de Educação, do Instituto Politécnico do Porto, resultou dessa preocupação social com o Património e da necessidade de uma nova profissão que assegure a sua gestão com técnicas e procedimentos adequados.
O curso visa a formação de técnicos na área de Gestão do Património Histórico- Cultural, pautando-se por uma ligação com a vida activa e conjugando as directrizes científicas e metodológicas com a viabilização de saídas profissionais.
O modelo deste curso configura-se numa perspectiva cultural que se integra num plano de desenvolvimento local e regional, destinando-se a cobrir a lacuna que existe actualmente na área da recolha, levantamento e inventariação do património, móvel e imóvel, e na prestação de serviços na área de realizações culturais
O Bacharelato em Gestão do Património Cultural foi criado pela portaria 1029/94 de 22 de Novembro 8, portaria publicada em Diário da República a 31 de Outubro de 1994 ), entrando em funcionamento logo a partir do ano lectivo de 1994-1995.
Os propósitos orientadores da estrutura curricular baseiam-se na investigação, exigindo a participação actuante de docentes e discentes, tendo por sustentação a realidade do meio. O curso encontra-se, assim, em sintonia com as características e exigências para além da escola.
No ano lectivo de 1996-1997 formaram- se os primeiros bachareís e de imediato se equacionou a possibilidade de reestruturação do curso de Gestão do Património em dois ciclos terminais. Este prosseguimento para licenciatura proporcionaria uma extensão de competências e, portanto, uma maior competitividade em termos profissionais, assim como permitiria a realização de formações especializadas ao nível, quer de pós-graduações, quer de mestrados e doutoramentos.
O curso inclui dois ciclos sequenciais, um primeiro ciclo que corresponde aos três primeiros anos lectivos do plano de estudos do curso ( que confere o grau de bacharel ) e um 2º Ciclo que corresponde ao último ano lectivo do plano de estudos assim como estágio curricular. Deste modo, o curso de Gestão do Património configura-se numa perspectiva de Licenciatura Bi-etápica.
Na estrutura curricular da Licenciatura Bi-etápica em Gestão de Património continua bem patente a preocupação, sempre manifestada pela coordenação do Curso, de conjugar a formação teórica com a ligação à prática/meio. Através desta metodologia de base, pretende-se não só sensibilizar os alunos para a diversidade de modelos de gestão no âmbito da cultura, mas também permitir o contacto directo com actividades realizadas, “experiências reais“ e , deste modo, desenvolver, nos discentes, um posiconamento crítico no que diz respeito a atitudes e práticas relacionadas com a gestão do Património.
Neste sentido, e tendo em vista a simulação/experiênciação de práticas/actuações que se desejam implementar, os discentes desenvolvem vários Projectos de Investigação-Actuação assim como fazem pequenas estadias em instituições contactando directamente com o trabalho e seus problemas.
Assim, relativamente ao currículo do curso, este surge desenhado em torno de três “ núcleos disciplinares-base “ designadamente Património, Gestão Cultural e Projectos de Intervenção Cultural. Complementam, esta estrutura curricular, um conjunto de componentes disciplinares - desde História de Arte, História de Portugal, Artes Performativas, Estética, Antropologia Cultural, Fundamentos Sociológicos da Intervenção Comunitária, Produção e Montagem, oficinas de Artes Plásticas, Técnicas e Tecnologias Documentais, Novas Tecnologias aplicadas ao Património, Direito das Artes, Políticas Culturais - que reforçam a unidade formativa do currículo e garantem o seu sentido progressivo. Ao gestor do património cultural exige-se uma formação multidisciplinar.
O conceito de currículo que melhor se adequa aos propósitos orientadores deste curso é o de um currículo aberto, flexível, que se desenvolve tendo por princípio a progressão baseada na investigação, actuações e experiências educacionais, tendo por sustentação a realidade do meio, nos seus diferentes núcleos sócio-culturais. Neste sentido se compreende a inserção deste curso no âmbito de uma escola superior de educação.
OBJECTIVOS
O objectivo do curso é formar técnicos superiores vocacionados para a recolha, levantamento, inventariação e gestão do património, móvel e imóvel, e para a prestação de serviços na área das realizações culturais.
O curso encontra-se em sintonia com características e exigências do mercado de trabalho: os alunos fazem pequenas estadias em instituições, contactando directamente com o trabalho e com os seus problemas ou executando pequenos projectos.
Após a licenciatura os alunos podem prosseguir os seus estudos candidatando-se ao Mestrado em Estudos de Gestão do Património e optar por um dos dois ramos de especialização: Património e Turismo Cultural ouPatrimónio e Serviços Educativos.
O GESTOR DO PATRIMÓNIO CULTURAL
A gestão do património cultural enquanto disciplina afecta a elementos de alto valor histórico, artístico e cultural, é uma profissão que exige aptidões especiais e uma formação pluridisciplinar, exigindo dos nosssos profissionais a realização de tarefas de grande valor e alto significado social. Exige-se, assim, de Gestor do Património um alto sentido de responsabilidade moral.
A função de Gestor de Património Cultural é distinta de outras profissões relacionadas com o património. O Gestor do Patrimonio Cultural não é um artista, nem um conservador de museus, nem um arqueólogo, nem um historiador de arte, nem um restaurador, nem um arquitecto, contudo pode ter formação em qualquer uma destas ou de outras áreas.
O Gestor de Património Cultural é, por natureza, um administrador de recursos e a sua função é amplamente mulitidisciplinar, requerendo um amplo conhecimento específico acerca do elemento do Património Artístico-cultural que tenha de gerir, assim como possuir múltiplos e variados conhecimentos desde técnicas de Administração de Organizações Culturais, Gestão de Recursos Humanos e Marketing Cultural.
O Gestor do Património Cultural, tem obrigações, em primeiro lugar para com os elementos de valor histórico, artístico ou cultural que lhe sõ confiados e, igualmente para com os proprietários dos mesmos, seus colegas e para com a sua profissão em geral, a sociedade e as gerações futuras.